O evento traz representantes de grandes empresas e instituições ligadas ao agronegócio e discute, entre os temas, o cenário da saúde emocional e mental feminina
“Dobrar o Agro de
tamanho com sustentabilidade: A Marca Brasileira”. Com este tema central, a 8ª
edição do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA) traz uma
programação diversificada, direcionada para todas as cadeias do agro, com a
presença de grandes marcas e nomes do setor. O evento é o maior da América
Latina voltado para mulheres do agronegócio e ocorre nos dias 25 e 26 de
outubro, no Transamerica Expo Center, em São Paulo (SP).
Além do hub
técnico, com palestras que vão desde condução da genética animal e vegetal, até
administração de irrigação e mecanização, o Congresso conta com a Arena
#oagroédelas, Arena #oagronãopara e Arena Master – onde ocorrem as
mesas-redondas.
“Serão oito
mesas-redondas ao longo dos dois dias de evento. Cada uma delas tem como
objetivo proporcionar reflexões, trocas e inspiração para as congressistas, por
meio de debates com representantes de grandes marcas, empresas e instituições
ligadas direta e indiretamente ao agronegócio”, diz a Gerente de Desenvolvimento
e Novos Negócios no Transamerica Expo Center, Renata Camargo.
A programação
completa está disponível no site mulheresdoagro.com.br/programacao/.
Saúde mental e emocional das mulheres dentro da porteira
Um dos destaques
deste ano é a mesa-redonda “Saúde mental e saúde emocional”. Com a moderação da
psicóloga clínica Dora Sampaio Góes e participação da presidente da fundação
André e Lúcia Maggi e do instituto Signativo, Belisa Maggi, da
diretora-executiva do Bradesco, Glaucimar Peticov, da CEO da Mental Clean,
Fátima Macedo e do terapeuta em filosofia clínica, Luiz Carlos Vieira, o
objetivo é trazer a discussão sobre a maior incidência de quadros como
depressão e ansiedade em mulheres, e a importância da educação emocional.
"Acredito que
todos se beneficiariam de uma educação emocional, uma vez que ela nos coloca em
um lugar conscientemente alinhado com quem somos e aquilo que queremos executar
na vida. Onde somos capazes de impor limites e nos comunicar de forma mais
assertiva”, explica Belisa Maggi.
E se tratando
especificamente de mulheres, principalmente as inseridas no meio rural, ela
acredita que, ao fazerem a escolha de se educarem emocionalmente, essas
mulheres passam a caminhar com passos firmes em direção aos seus objetivos,
“com mais estratégia, discernimento, ocupando um lugar em que se sente mais
tranquila em dizer não quando algo não está alinhado com o que deseja e nem com
seus valores”.
“Elas aprendem a
não levar para o pessoal algumas situações que, infelizmente, ainda acontecem e
são culturais em um meio rural, como o machismo. Aprende a focar no resultado e
apreciar também os momentos contemplativos da vida”, complementa.
Visão do mundo corporativo
Em um universo
corporativo cada vez mais conectado, em que tudo acontece a um só tempo,
performance e resultado estão atrelados à saúde mental e emocional de todos os
envolvidos no alcance das metas e de novos parâmetros de qualidade. Por isso, o
compartilhamento de conhecimentos e experiências gera possibilidades e atitudes
de aprimoramento.
“Daí a relevância
do Congresso e de toda a mobilização em torno do tema. Nós estamos honrados por
participar desse diálogo e perceber que nossas iniciativas estão alinhadas ao
que existe de mais efetivo no mercado. Afinal, as pessoas são a essência do
nosso negócio, protagonistas de todo processo de mudança, e, portanto,
reconhecemos a importância e a força da pluralidade e da presença da mulher.
Saúde mental e emocional são fatores determinantes para o desenvolvimento, e
temos a responsabilidade de modular esse movimento”, explica a
diretora-executiva do Bradesco, Glaucimar Peticov.
“É por isso que no
Bradesco colocamos em prática diversas iniciativas coordenadas pelo nosso
Programa Viva Bem, combinando saúde mental, emocional, bem-estar e qualidade de
vida, além de reflexões sobre mudanças de ciclos e novas formas de
relacionamento. Dizem que uma das maneiras de não ser surpreendido pelo futuro
é fazer parte da sua construção. E é justamente isso o que estamos fazendo”,
complementa.
O que mostram os números
Segundo estudos recentes, a depressão
e dificuldades relacionadas a saúde mental abarcam em torno de 30% a mais as
mulheres do que em homens. Mas, diante desse fato, existem questões hormonais,
sociais e jornadas de trabalho que em muitos casos é exaustiva. “É muito comum
encontrarmos mulheres que, além do trabalho, ao chegarem em casa ainda têm
outra grande e importante jornada com o lar e com a família – o que pode
deixá-las sem momentos de lazer, de autocuidado e à mercê do estresse”, comenta
Belisa.
“Ainda existem
poucas pesquisas relacionadas à saúde mental das mulheres do campo. Mas o que a
gente percebe é a existência de alguns fatores que estão mais associados a
esses transtornos mentais mais comuns. São eles: pobreza, estar casada,
violência de gênero, carga de trabalho e cuidado com os filhos”, complementa a
psicóloga Dora Sampaio Góes, que trabalha com abordagem na Terapia Cognitiva
Comportamental (TCC).
A especialista
diz, ainda, que uma em cada cinco mulheres apresentam quadros de depressão e
ansiedade, por exemplo. Esses dados representam 19% do público feminino -
contra 12% do público masculino, demonstrando que mulheres são comumente mais
acometidas que os homens.
“As mulheres,
muitas vezes, têm medo de buscar ajuda, principalmente as que sofrem algum tipo
de abuso e violência. Mas dar esse primeiro passo, apesar de difícil, é
essencial para que elas possam voltar a viver a vida que desejam e merecem”,
diz Dora.
A psicóloga deixa
ainda uma mensagem para as mulheres sobre a sororidade. “Porque é um conceito
bonito de se conhecer, porém pouco praticável. É chegada a hora de nos unirmos
a favor de uma sociedade mais justa, mais acolhedora, características da
energia feminina. Nós somos grandes propagadoras de valores, de exemplo – por
que não utilizar isso no seu maior potencial unindo-nos? – começando por um
olhar mais colaborativo para com as outras mulheres e para dentro de si
mesmo”.
Mulheres (por Belisa Maggi)
Quando escolhemos
dar as costas a uma mulher não é apenas aquela mulher que fazemos, mas sim
todas aquelas que vieram antes dela, antes de nós e aquelas que ainda virão
Quando resolvemos
criticar uma outra mulher, não é só a ela que estamos criticando, mas a nós
próprias em diferentes níveis
Quando escolhemos
não apoiar uma outra mulher, é o reflexo do apoio que nos faltou – não
concedido quando mais precisávamos dele.
Há um preço a se
pagar por este lugar e vejo que muitas de nós escolhem por pagá-lo ao
permanecer agarradas a conceitos e práticas limitantes que a sociedade nos
embutiu
Tentaram nos
moldar, dobrar, empilhar para “caber”
Mas pasmem: Não
conseguiram! Estamos de volta.
E agora, com uma
nota a mais de sabedoria – talvez esse seja o maior dos triunfos.
Serviço
8º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio
Dias 25 e 26 de
outubro de 2023
Transamerica Expo
Center - Av. Dr. Mário Vilas Boas Rodrigues, 387 - Santo Amaro, São Paulo
- SP.
As inscrições para o CNMA podem ser realizadas pelo site (clique
aqui).